Fichamento

 FICHAMENTO



1.      Fichamento 01

De acordo com Wilkinson, Moore e Moore (2003), a doença depressiva é um aumento exagerado das sensações diárias que acompanham a tristeza, consistindo numa perturbação do humor, de gravidade e duração variáveis, que é frequentemente recorrente e acompanhada por uma variedade de sintomas físicos e mentais, que envolvem o pensamento, os impulsos e a capacidade crítica (p. 21).

A melancolia da maternidade, também denominada de tristeza pós-parto por Kaplan e Sadock (1990), caracteriza-se por um distúrbio de labilidade transitória de humor, que atinge cerca de 50% das novas mães entre o terceiro e o quinto dia após o parto, tendo, geralmente, remissão espontânea. Muitas mães experimentam um estado normal, consistindo em sentimentos de melancolia, disforia, choros frequentes, ansiedade, irritabilidade e dependência. Estes sentimentos, que podem durar até vários dias, têm sido atribuídos à rápida mudança nos níveis hormonais, ao stress do parto e à consciência da responsabilidade aumentada, que a maternidade traz consigo.

A ocorrência da depressão materna, após o nascimento de um bebê, de acordo com Sotto-Mayor e Piccinini (2005), pode ser preocupante tanto para a mãe e para a criança, como também para a família uma vez que esse período tem sido enfatizado como propício para o surgimento de problemas emocionais nas mães, destacando-se os transtornos psicoafetivos.

A depressão puerperal não é considerada uma categoria de diagnóstico independente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria [APA] (2013). No entanto, a DSM-5 reconhece que a DPP pode ser uma forma específica de depressão, ao considerar o especificador “com início no periparto”, para se referir aos sintomas depressivos que ocorrem durante a gravidez ou quatro semanas após o parto (APA, 2013). Dessa forma, é possível perceber que a Depressão pós-parto não apresenta uma fenomenologia específica, sendo clinicamente similar, em termos de sintomatologia, a depressões ocorridas noutros períodos da vida (e.g., humor disfórico – tristeza, ansiedade, irritabilidade, fadiga; perturbações de alimentação e do sono; perda de interesse nas atividades diárias) (Milgrom & Gemmill, 2014).

Em alguns casos, a sintomatologia depressiva já está presente na gravidez. Uma grande proporção de mulheres que apresentam sintomatologia depressiva na gravidez também apresenta sintomatologia depressiva no período pós-parto (Milgrom et al., 1999).

Em um cuidadoso estudo sobre características de temperamento do bebê, (Murray et al.) concluíram que a irritabilidade do recém-nascido e déficits em sua capacidade de controle motor são fatores preditivos de depressão pós-parto, sendo independentes de outras variáveis.

           2.      Fichamento 02

— Consequências da depressão pós-parto na relação entre mãe e filho:

  •       As mães deprimidas são inseguras em suas capacidades maternas o que leva a um desvio do olhar e distanciamento da atenção da criança, o que resulta em uma micro rejeição.
  •      Ao se sentir rejeitada, a mãe se afasta do bebê, suspendendo a interação, no sentido de uma parada momentânea que tem o objetivo de facilitar o reajustamento do seu comportamento, botando um fim às sequências interativas.
  • A mãe sob depressão rompe o contato visual com o bebê e não tenta restabelecê-lo.
  •     O bebê tenta a proximidade através da identificação e da imitação, diante de uma situação de micro depressão, tenta fazer com que a mãe volte à vida
  •      Bebês de mães deprimidas exibem:

§  Menos afeto positivo e mais afeto negativo;

§  Menor nível de atividade;

§  Menos vocalização;

§  Costumam distanciar o olhar;

§  Apresentam mais aborrecimento;

§  Protestos mais intensos;

§  Mais expressões de tristeza e raiva;

§  Menos expressões de interesse;

§  Uma aparência depressiva com poucos meses de idade.

  • Filhos de mães deprimidas, generalizam esse comportamento com outras pessoas familiares não-deprimidas.
  • Desorganização comportamental vinda do bebê, visto que a atenção e o comportamento afetivo da mãe são assincrônicos. comportamento com outras pessoas familiares não-deprimida.
  • A mãe deprimida, por não conseguir lidar com a atenção do bebê, tende a direcionar o foco da criança para brinquedos e outros objetos.

— Desenvolvimento infantil com uma mãe deprimida:     

  • Crianças de pais deprimidos têm de duas a cinco vezes maior possibilidade de desenvolver problemas emocionais e de comportamento.
  •         A depressão pós-parto leva a uma desorganização parental e no ambiente familiar, que, por sua vez, conduz ao funcionamento mal adaptativo da criança.
  •     Depressão parental sugere o desenvolvimento de distúrbios no primeiro ano de vida do bebê e baixo desenvolvimento cognitivo aos dezoito meses e aos quatro anos de idade.

3.      Fichamento 03:

        No artigo de Elda Terezinha da Silva “Depressão puerperal – uma revisão de Literatura”, O puerpério é uma etapa de significativas mudanças no espaço social psíquico e físico da mulher, sendo assim, aumentando os riscos de transtornos psiquiátricos. Os distúrbios psiquiátricos puerperais são classificados em Depressão Puerperal, Psicose, Puerperal, e Tristeza Pós-Parto que se diferem entre si em muitos aspectos. O artigo em questão discutirá acerca dos transtornos psíquicos puerperais com ênfase na depressão Puerperal, ela é, segundo T. da Silva “um transtorno mental de alta prevalência e que provoca alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas”. A sua etiologia é definida por uma mistura de fatores que devem ser abordados no diagnóstico e terapêutica. O quadro depressivo puerperal surge, na grande maioria das vezes, nas duas primeiras semanas após o parto. A Depressão Pós-Parto é uma síndrome psiquiátrica importante que em geral repercute na interação mãe-filho e na prática de forma negativa e gera um desgaste progressivo na relação com os familiares.

Os distúrbios psiquiátricos podem acometer os indivíduos em diversas fases da vida, uma vez que a vulnerabilidade   é   agravada  por   eventos   naturais somados a predisposição psicossocial e psicológica. A fase puerperal corresponde a um momento importante da vida da mulher, lembrando que ela passa por diversas mudanças biológicas, como também transformações de ordem   subjetivas. Sendo   assim, os riscos para o aparecimento dos transtornos aumentam em face das preocupações, anseios e planejamentos realizados e sentidos pela puérpera.

Neste sentido, o trabalho desenvolvido teve ênfase na revisão de literatura acerca da Depressão Puerperal, um distúrbio psiquiátrico importante de ser diagnosticado e assistido a fim de assegurar um patamar satisfatório e realista no tocante a saúde do binômio mãe-filho atingindo a sua integralidade, ou seja, no âmbito social, físico e psicológico.

Os objetivos que norteiam este texto são:

         Descrever as síndromes psiquiátricas puerperais;
        Estabelecer    um    diagnóstico    diferencial    das   síndromes psiquiátricas puerperais;
  Caracterizar a Depressão Puerperal nos aspectos conceitual, clínico, terapêutico, epidemiológico e prognóstico.

Portanto, conclui-se que este imbróglio necessita ser estudado e tratado, para alcançar e auxiliar as mulheres atingidas, desta forma, usando os meios ao nosso alcance, iremos buscar identificar essas mulheres para direcionar elas e seus filhos para os devidos especialistas na área clínica, bem como informa-las sobre os problemas que estão acometendo ou já acometeram cada uma delas.

4.      Fichamento 04:

No artigo “DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL” as pesquisadoras Francielle Caroline Fernandes e Jane Teresinha Domingues Cotrin abordaram a respeito do processo depressivo no pós-parto e os impactos no crescimento da criança relacionando uma série de vários fatores-chave. A esse respeito, nota-se que nas últimas décadas o número percentual de mulheres que sofrem de depressão pós-parto tem crescido gradativamente e essa problemática vai além do adoecimento da própria mãe, afetando diretamente o bebê e a relação entre a criança e a mãe. De início, é notório observar que a manifestação da depressão pós-parto se torna propícia pela inter-relação de fatores biológicos, obstétricos, sociais e psicológicos.

Assim, o período de pós-parto é evidenciado por um período de adaptação e novos embates, não apenas fisiológicos, mas, também, psicológicos em que acaba sendo necessário adaptar-se a uma nova realidade. Desse modo, as questões que caracterizam essa inter-relação e esses fatores são evidenciados principalmente pela dificuldade em amamentar, pela turbulência na hora do parto, pela fragilidade na assistência prestada pelo parceiro, como, também, por pessoas com quem a mulher se relaciona. Dessa forma, é importante caracterizar como a DPP afeta a vida da mãe:

  • Irritabilidade;
  • Sensação de incapacidade e inutilidade;
  • Sentimentos de Desamparo;
  • Choro frequente;
  • Desinteresse Sexual;
  • Transtornos Alimentares;
  • Falta de energia e motivação;
  • Protestos psicossomáticos.

        Dessa maneira, esses sintomas corroboram para o surgimento de um imbróglio, que, consequentemente, afeta a vida do bebê e o seu desenvolvimento, questões evidenciadas por:

  •      Sentimentos de privação (como a angústia, uma exagerada necessidade de amor, forte sentimento de vingança e, consequentemente, a culpa e a depressão);
  •      Dificuldade na socialização com terceiros;
  •     Se tornam pessoas menos responsivas em relações interpessoais;
  • Crianças que apresentam menos sorrisos, menor interação corporal, e tendência a distúrbios alimentares e dificuldade no sono.

Assim, fica evidente que todo esse contexto irá colaborar no desgaste da relação mamãe e bebê:

MÃE

BEBÊ

Maior nível de hostilidade em relação aos seus filhos (Maior negligência, rejeição, e agressividade quando lida com o bebê.)

Mais afeto negativo (rejeição a brinquedos, choro, vocalizações negativas e afastamento da mãe.)

Maior reclusão e introspecção;

Menos afeto positivo (sorrisos, focalização da atenção em brinquedos, busca de proximidade com a mãe).

Menos afetuosa;

Protestos mais intensos.

Mais negativa;

Menos comunicativa;

Mais expressões de tristeza;

Costumam a distanciar o olhar;

Mais expressões de raiva e angústia;

Menos habilidosas no trato com o bebê.

Menor nível de atividade e vocalização.

           5.      Fichamento 05

       A dissertação intitulada "DEPRESSÃO PÓS-PARTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL NOS TRÊS PRIMEIROS ANOS DE VIDA" relata que durante o desenvolvimento da humanidade a gestação, o parto e o puerpério obtiveram um valor social e cultural. Sendo assim atribuindo-lhes diversas significados com aspectos tanto contraditórios quanto antagônicos como exemplo: felicidade-dor; esperança-medo; vida-morte. Tais aspectos foram vivenciados por diferentes tipos de mulheres, que estas mulheres se encontram, proporcionando assim maiores chances das mesmas desenvolverem depressão pós-parto (DPP), o que posteriormente afetará direta ou indiretamente o desenvolvimento da criança. 

    Com o mundo em constante mudança, as transformações em relação ao parto foram extremamente importantes, pois observou-se que ações de promoção e prevenção à saúde são essenciais tanto para o bebê quanto para a mãe . Apesar de atualmente haver bastante programas voltados ao cuidado da mulher, ainda há uma grande dificuldade no acompanhamento puerperal, consequentemente por falta de atenção neste período da vida, casos de depressão pós-parto podem ser muito maiores do que todos imaginamos, o que acarretará em crianças desenvolvendo futuramente algum problema biopsicossocial.

A assistência à mulher gestante merece destaque, tem sido prioridade quando se fala em saúde materno infantil e continua sendo um desafio na história da saúde pública no Brasil. Os importantes indicadores de saúde e a persistência da mortalidade materna e infantil justificam a emergência de novas políticas eficazes que enfocam o ciclo gravídico puerperal (Brasil, 2015).

          No dito popular toda mulher tem o "instinto maternal", fato este que não passa de um mito, pois uma mulher nasce mulher e precisa aprender com o tempo a ser mãe, o que não é nada fácil. Por viver sob essa idealização da mulher, mães inexperientes sofrem bastante pressão da família e até mesmo sua, por não estar preparada para cuidar de um serzinho tão pequeno e indefeso.

      Apesar de amar e querer cuidar do filho, a chegada desse bebê pode significar uma carga emocional maior do que imaginava suportar. Se não cuidado, esse sentimento pode se agravar e acabar desencadeando a DPP, que por sua vez, interferirá no relacionamento mãe-filho.

Sabe-se que uma família amorosa, um ambiente estável e protetor pode proteger a criança de fatores estressores e com isso garantir a base para os futuros aprendizados e um desenvolvimento saudável (Cypel, 2011).

          Com base nisto, é importantíssimo o apoio familiar, emocional e quaisquer outros necessários nessa nova fase da vida.

Se no início do desenvolvimento da criança algo acontecer de errado, a saúde física e mental poderá ser afetada, o que prejudica as fases posteriores do desenvolvimento (Mustard, 2010), isso ocorre porque a arquitetura básica e a função cerebral são formados nesta fase inicial que vai da concepção até os 6-8 anos de idade, pois, ,grande parte do cérebro é formada antes da criança completar três anos de idade. Essa fase é, portanto, decisiva para a formação da personalidade e o equilíbrio futuro dessa criança e posteriormente adulto (Pereira, 2011).

          Quando a mãe consegue proteger seu bebê de estressores internos e externos ela conseguirá trazer as necessidades do seu filho e o mesmo terá um desenvolvimento sadio, por isso a importância do cuidado e acompanhamento médico nesta fase.

            Sob essa ótica, foi observado que crianças com mães com DPP possuem maior possibilidades de desenvolverem problemas psiquiátricos graves, dificuldades para buscar tratamento adequado, déficit no funcionamento adaptativo e prejuízo no aprendizado escolar; sendo assim, impossível ignorar os prejuízos que a DPP pode causar em relação ao desenvolvimento da criança envolvida nesse contexto. Por este e outros motivos o ciclo gravídico puerperal precisa de uma atenção redobrada e eficaz.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Elda T. da Silva, DEPRESSÃO PUERPERAL – UMA REVISÃO DE LITERATURA, encontra-se em: “https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/880”

Delias, Daniela de Sousa Schwengber e Augusto, Cesar Piccinini. O impacto da depressão pós-parto para a interação mãe-bebê. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003

Fonseca, Ana;Canavarro, Maria Cristina. Depressão Pós-Parto. Artmed Panamericana Editora, 2017.

O'Hara, M. W. (2009). Postpartum depression: What we know. Journal of Clinical Psychology, 65, 1258-1269. doi:10.1002/jclp.20644

O'Hara, M. W., & McCabe, J. E. (2013). Postpartum depression: Current status and future directions. Annual Review of Clinical Psychology, 9, 379-407. doi:10.1146/annurev-clinpsy-050212-185612

Riecher-Rossler, A., & Hofecker, M. (2003). Postpartum depression: Do we still need this diagnostic term? . Acta Psychiatrica Scandinava, 108, 51-56.

American Psychiatric Association [APA]. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.

Milgrom, J., & Gemmill, A. W. (2014). Screening for perinatal depression. Best Practice & Research Clinical Obstetrics & Gynaecology, 28, 13-23. doi:10.1016/j.bpobgyn.2013.08.014 

Fernandes, F. C., & Cotrin, J. T. D. (2013). DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. Revista Panorâmica.

AZZI, Daniele DEPRESSÃO PÓS-PARTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL NOS TRÊS PRIMEIROS ANOS DE VIDA. 2018. 93 folhas. Dissertação( Psicologia da Saúde) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.2018

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